quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O início de tudo

Eu sempre fui uma mulher grande, desde nova, curva generosas, a autêntica "cavalona", para usar o jargão atual. Nunca fui tamanho P. Nas épocas de faquir, no máximo tamanho M (sempre apertadinho), mas com " partes de baixo", nunca menor que 42 ou 44. Sempre trabalhando com moda e comércio. Obviamente, sempre sendo cobrada por esta "acima do peso". Hã? conseguir, a base de fome e café com leite, chegar a 58 quilos é estar acima do peso? Quantas atrizes pesam 58 quilos e estão " em forma"? Aaah, biótipo maldito, eu pensava. Culotes desgraçados, odeio vocês, passava pela minha cabeça...
Passou o tempo, a genética falou mais alto, os culotes cresceram, veio a gestação... O resultado? Um corpo de oitenta e tantos quilos, as vezes mais, as vezes menos, blusas tamanho G e GG, calças e afins passeando entre o 46 e o 50...e a deprê. Muito maior do que quando eu "só odiava os culotes". Nenhuma foto grávida por me achar com cara de tambor. Nenhuma roupa nova por meses a fio. Uma compulsão por sapatos desenvolvida (sim, pelo menos os pés são parecidos com os atigos...rs). Sutiã velho da época da gestação até semana passada. A iminente ruína do casamento (sexo? com essas pelancas e esse peito caído? nem f***), busca por remédios emagrecedores que não te permitem viver (sim, por que comer e ter dor de barriga, fazer xixi de 2 em 2 minutos, não poder beber nem um vinhozinho, isso é vida?) O amor pela moda das revistas... Tanta coisa, uma auto estima tão arrasada...
Já fui blogueira bem assídua. Tive vários blogs, comentava nos outros. Pra quê? Pra não conseguir usar nada que as outras meninas conseguiam? Não, thanks. Tchau internet. Aí vem a solidão. Por que, né? Dividir coisas com as amigas é legal. E eu ia dividir o que? Minhas frustrações? Não, meu orgulho não me permite.
Mas deu tempo de me salvar. Um negócio tão não bem sucedido terminado, um pouco mais de tempo para ler, anonimamente, os blogs companheiros de outrora... Foi o suficiente. A comichão de escrever atacou de novo, e usar isso como catarse, pra expurgar tudo que até então fazia sofrer... Nasceu o Orgulhosamente Linda!!! E fez gerar também o embrião das minhas próximas empreitadas... Agradeço ao Mulherão e a mais outros tantos, que me abriram os olhos para o fato de que ser fora dos padrões não tem que ser o motivo da minha maior tristeza, afinal, ninguém é igual...
Ainda não posso dizer que não sou "frustrada" pela moda das revistas não me atender plenamente, mas aos poucos vou chegar lá... E espero ajudar outras meninas na mesma condição.

Bem vindos à minha nova casa.

5 comentários:

Kelly Cristine disse...

OLá!! Você falou tudo! É assim mesmo que a gente se sente né? Mas que bom que a tecnologia existe pra que a gente possa trocar experiências e até mesmo desabafar, conversar sobre as nossas frustações, dividir as conquistas, trocar ideias, mesmo sendo a distância.
Obrigada por ter comentado no meu blog e por me dar a oportunidade de conhecer o seu. Com certeza serei sua seguidora e trocaremos muitas figurinhas por aqui...rsrsrs Boa sorte pra vc!!!
Beijos

Unknown disse...

Liiindaaa, eu não poderia deixar de vir dar uma olhada no seu blog...adoreiiii!!!
Obrigada pelo carinho!
Um monte de beijos

Keka Demétrio

Pat disse...

Adorei a sinceridade nas palavras... sabe, são "cruas"... nada muito elaborado, tá na cara que vieram de dentro, desabafo mesmo... e comungo de cada linha do que escreveu, pois estou vivendo praticamente a mesma situação, com meu corpo, com meu casamento, com tudo que uma mulher com kg a mais passa...
É maravilhoso sentir que não estamos sós, que mais alguém entende o que é se sentir assim...
Vou seguir sempre seu blog, ele me deu um ânimo extra hoje!!!
Parabéns, e tudo de melhor a vc!!

Jackie Zaninetti disse...

Vc tá fazendo a limonada com os limões que a vida te deu, um dia ela fica do seu gosto.
Depois de mto ler por todos os blogs sobre gordinhas, gordonas e etc, etc, eu descobri uma coisa: que a minha felicidade não está em ser gorda ou magra, isso é circunstancial. Claro que uma roupa bacana alegra e que seria melhor entrar numa loja comum e ter nosso tamanho, mas eu sempre procuro vários lugares o que me falta, pra não usar a muleto do 'ah não tem pra mim', ter tem é só procurar... E não dizem que quem procura acha? Então é sempre bom procurar a solução das coisas pq um dia vc acha, mesmo parecendo impossivel.

Rafaela disse...

Nossa que lindo depoimento!!
Ainda so nova nessa mundo de blogs,mas ainda não li nada que me parecece tão real como o seu texto, mesmo sem te conhecer consegui imaginar vc mesma declamanda tais palavras....Parabéns pela força!!
Beijocas!